Respiração automática
- Menos 1
- Nov 2, 2019
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Desintegro-me no teu vestido porta.
Fora da minha vontade, absorvo a onda de todo o teu movimento brusco.
Os mosquitos rejeitam o teu sangue até que te tornes numa lama incongruente.
Confessamos cada propriedade do arrependimento, escorre sangue dos teus olhos, desmembramos peles autodidatas, salivas delicadas na cor e no sabor da sua gosma Rascunhos irreversíveis.
Bossa velha, samba morto, coração encardido pelas saudades da casa que já não existe.
A minha missão absoluta é fazer-me existir, apanhar a folha virgem numa queda despropositada.
Catalogações indispostas, procissão de atritos coléricos, prateleiras cave, cadáveres infantilizados à força.
Violência racionada regularmente, artefactos de confidência: podres.
O exército desmobilizado dos assistentes anónimos, desnaturalizados pelas várias frentes de ataque ativas contemplam o surto de peste elástica que harmoniza esta assaquia, enquanto aguardam pela invasão lisérgica do pirata cósmico que nos compra com um bouquet analógico de lírios e pregos envenenados.
Tendões de vidro, geografia da intimidade, a melhor voz da peça em plena estreia internacional. Tripas em purpurina pisada. Suor, fumo, grito projétil encaixotado.
Derretemo-nos em câmara lenta, projetamo-nos em projetos prótese, esgotamentos peculiares, inclinações invasivas.
Matamos a sede com chorumes intermediários, um anti-oásis instalado no deserto da rua, pelo coração da estrada infértil.
Uma levedura artificial que impede os animais bicho de abandonar as respetivas tocas improvisadas. Onde as sombras há muito tempo se evaporizaram em alumínio puro.
A natureza-mor projeta-se numa pérola cancerígena; genuína no transtorno insuportável dos ossos rachados em exclusividade estética. Segredamos em proporções tóxicas os erros que felizmente foram cometidos.
Pedras sedimentadas à força, enterradas em plena luz do dia, pelo anti-herói que persegue até ao infinito impossível: o átomo nuclear do sol.
Naturalmente, a agulha enterra-se gradualmente na folha, tornando a caneta numa espada elástica até ao ódio.
Disparados do epicentro da febre, flutuam túmulos claustrofóbicos: a perfurar montanhas ocas, perfumes mar, diamantes pálidos, artérias dóceis, energias desprevenidas que inutilmente se escondem na sombra do próprio medo em pessoa.
Confundimos a morte com o funeral, a agonia com a paisagem.
Reconceptualizamos babilónias em duplicado, arrancamos os dedos com as próprias unhas, farejamo-nos à pressa, dividimos as propriedades dos fetiches e do amor programado: numa respiração automática.

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