Inclassificável
- Menos 1
- Sep 9, 2020
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À porta de casa: um retrato;
Na sombra do corpo: um telhado,
Um toque contínuo entre o silêncio e a morte,
O corte das contemplações é sagrado.
Sofríveis são as incompletudes, sofríveis;
No sofrimento ininterrupto: um altar camuflado de virtudes iridescentes.
Um foco definido entre dois olhares: sente-se;
Porque se a troca acontece, é energia concreta,
Um pesadelo ao contrário,
Ignições viciadas dos vulcões afetivos:
Atmosfera, símbolo, sonambulismo precoce.
Na aura do medo: respira-se;
Encenam-se as almas e as respetivas quedas,
Quando as possibilidades dos gestos são nulas,
E os arrepios são escassos, são espaços,
E fundem-se ao longo de uma viagem psicotrópica
De proporções súbitas à distância, de descontrolos de estética e hipnose espontânea.
Enquanto morremos, segredamos cálculos,
Superamos deuses, somos habitáculos de um improviso de amor conturbado.
À porta de casa: um rasto envenenado.
Fundimo-nos por unanimidade
Num casulo perpétuo e artificial,
Onde reciclamos luas, crepúsculos túrgidos,
Comas induzidos pela paisagem aprisionada no espaço.
Na memória das causalidades: um lapso universal:
Singular nas dores incrustadas,
Na esperança de um dia desvanecermos voluntariamente
Por entre o aglomerado de ímpetos desamparados:
Solenes na cristalização inevitável por consequência das predisposições elementares;
Porque à porta de casa, entrelaçamo-nos nas reflexões
Delineadas por um momento completo, abrupto,
Recôndito, inclassificável.

Artista: Bibiana Nunes
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