CyberMadonna
- Menos 1
- May 19, 2020
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Nasce, da plataforma lenticular e transparente na qual Santa Bárbara se enterrou aos poucos, uma nova rainha de emergência que facilmente se confunde com uma estrela crescente, asterismos fotográficos: previsíveis na ductilidade, propícios à evidência de simetrias dinâmicas e impermutáveis. Ela: faiscante na resplandecência, sobrevive a partir da absorção de luz e alimentando-se da mesma, à medida que a segue em todas as suas direções possíveis. Desloca-se numa peregrinação flutuante e mercenária, mantendo-se afincadamente no eixo central da estrada delimitado por guturalidades incandescentes que a dirigem infinitamente até ao último pecado. Infindavelmente estátua móvel, na locomoção dos prazeres do controlo sobre o ingénuo e o tresloucado, em abstrato e a cores, seja em pensamento ou a quatro dimensões. Ergue-se assim das trevas, a fluorescência em pessoa, com as necessidades elementares de uma CyberMadonna, naturalmente perseguida por um palco omnipresente, cujas variações espaciais modificam o estado natural das coisas, transformando-o numa plateia suborbital, uma massa de anonimato em desespero constante: é essa a declaração de amor a que se propõem as energias do mundo, que quanto mais se desfortificam em todas as estruturas a que correspondem os próprios esforços, mais a conhecem profundamente até às raízes das intenções e dos limites nomeados à nascença. O brilho da levitação como forma de pensamento, encontra-se a todo o momento, desanexado dos estágios de alucinação inferidos por anexos de matérias súbditas e imateriais, que sem nunca darem conta disso, perdem-se interminavelmente à procura de uma carne concreta que sirva de agasalho nas sombras amórficas nas quais se incrusta o medo na terceira pessoa, presente em todas as ocasiões milagrosas que se perfazem no tempo e no espaço a fim de desafiar as calibrações mais familiares e universais.
Há que rezar ao contrário, para apanhar Deus desprevenido.

Fotografia de: Tom Barreto
SPFW 2017
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