Biodegradante

A partir dos insetos da neve e da montanha, a íris espelha-se ao longo do teto luminescente da aurora indesejada. Um céu doente de se percorrer; um corredor incongruente que não convence ninguém de o invadir.

Ergue a espada que te persegue, já depois de excluída por exclusividade, porque só assim podemo-nos inutilizar para voltar a um estado fundamental, para desnaturalizar a paciência.

A vassalagem à antilógica agiganta-se aos poucos. Uma radioatividade ao serviço das plantas perdidas na vermelhidão dos passos que revelam mais uma morte possível.

Definimos como nuclear o objetivo sonâmbulo de recolher todos os bocados de carne esquecida para a polinizar nos trópicos submetidos a concursos de análise neuroticogeográfica.

Estimamos que se torne rotina vandalizar camiões de comprimidos infantis para programar ataques de ecopânico pelo alcatrão que não consta no GPS.

Uma plantação de corpos australopithecus, de cadáveres cuja queda desagua diretamente no mais recôndito geiser de plasma doce.

A água mergulha-te a cair de cima, para veres a praia ao longe, e ainda assim toda coberta pela esquadria do areal, duas vezes lama, a que enterra aos poucos, e a que faz dela: um corpo líquido e vasto.

Deixa-me sacrificar a tua memória para te mostrar que escolheste a equipa certa.

A luta eterna pelo direito ao esquecimento, ao contracetivo biodegradante e à antropologia cosmicovisual.

Degradamos as estrelas com os nossos suicídios orgulhosos e virtuais de literarquitectura.

Imaginamos uma infinidade de dissecações espaciotemporais camufladas em nuvens de perfume transparente e uniforme.

Antecedente ao sacrifício tantricoanatómico, suspiramos séries hipnoticamente instruídas de derrames respiratórios. Tropeçamos no escuro para evitar qualquer hipótese de entrega parcial dos sangues.

O murro dissolve-se na boca, cristalizado por um simples ataque indireto.

O golpe baixo de uma pessoa triste.