Alquimia impotente
- Menos 1
- Aug 16, 2019
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Registo-te em pastel digital,
Queimas-me com o cigarro em negativo.
A arte redesenha-se em ilusionismo, aprisiona a lei da gravidade a prestações instantaneamente compensáveis. É ave, réptil, energia solar, reencarnação do medo e do sonho, cápsula bomba, rainha das cores e do arrepio indireto. Alta representante da história da iluminação concreta.
Progredimos debaixo do sol através das distintas metodologias da dúvida.
Esventro-me para renovar energias,
Perco a memória numa insigne colisão do ser neste teatro das cartilagens cosméticas,
Devoras-me a sombra à distância exata.
Exatamente ponte, num regime auto-sustentável a partir do próprio lixo,
Estaticamente estátua, semente de fábricas desiludidas,
Vidros abandonados.
Saboreamos o reflexo das nuvens dos dedos, mistificadas a preto e branco.
Tento fugir irremediavelmente podre,
Irradio-me gasto.
Alcanço a rua onde habito, invado o meu próprio quarto,
A igreja esconde-se pela avenida dentro.
Montamos armadilhas poéticas como se fazem aos tubos de ensaio,
Inocentemente vidro,
Astrologia mineral,
Decomposição obrigatória.
Demarcações submersas de flores evaporam-se em florestas bomba,
Cálices enterrados no espaço,
Pastilhas de jardim, sabedorias tântricas ,
Grafitis que rejeitam o céu,
Mármores inexequíveis aquecem pérolas de carne numa cólera azul e interminável.
Arquitetamos um padrão autónomo na luz e na elasticidade,
Propositadamente delinquente no equilíbrio.
Aderimos ao plano de ataque no combate à esfinge crepuscular
Que se hiberna pálida de desgosto, adquirindo geometrias banidas do mundo das formas.
Obrigamo-nos a desconfiar do sangue.
Desconfiguramo-nos numa drenagem de semicírculos
Ficcionalmente antropofágicos.
Cada pessoa é uma ópera em construção.
Injetam-se sonolências nesta guerra andrógena, bombardeamos utensílios comuns, atribuimos-lhes condecorações militares, títulos quânticos, significados esdrúxulos, partidas consequentemente zero.
Atingimos a concretude de rodar o mundo em sucessões homicidas, intromissões omissivas e posições subjetivas.
Nesta atmosfera isolada, naturalmente mais alta,
O meu olhar paralisa em lugares que não me pertencem.
Adivinho um sismo de cadáveres precoces e hesitantes,
Hemorragias de açucares lisérgicos, maravilhosos dias de espuma descomprometida.
Brotam bocas de girassóis da penumbra dos lábios,
Viscosidades projéteis, vírgulas invasivas impressas em papel irresponsável,
Espingarda corpo adjacente,
A pulsação acelera e ganhamos anos de vida, fundimo-nos na decoração desta improvisação de quarto.
Vandalizamos pinturas frescas de tão rupestres que aparentam ser.
Encenamos convulsões numa recomposição em fé absoluta,
Orgasmos biónicos, etimologias perdidas.
Alquimia impotente: insuficiente no toque, insuficiente na pele, insuficiente na quebra,
Incandescente no escuro.
Inteligente no osso, inconsequente na terra, inconsequente na febre, inconsistente na fórmula.
Perdidamente hectare de cemitério inconsciente na escrita.

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